quarta-feira, 23 de junho de 2010

FHC diz não crer em vitória de Serra; crise toma conta do PSDB


Com o progressivo enfraquecimento da candidatura presidencial de José Serra (PSDB-SP), o clima de desânimo se espalha no ninho tucano. Nesta quarta-feira (23), a Folha de S.Paulo divulgou que até o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso começou a entregar os pontos.
Segundo a colunista Mônica Bergamo, FHC “confidenciou a interlocutor de sua mais absoluta confiança recentemente que tem sérias dúvidas sobre a possibilidade de José Serra vencer a eleição presidencial. ‘E olha que estou tentando ajudar’, disse o ex-presidente, atualmente em tour pelo exterior”.

No início de junho, convocada por FHC, a cúpula do PSDB se reuniu em São Paulo para pregar uma correção de rumo da campanha de Serra à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos principais alvos de apreensão do grupo é o risco de desgaste com a demora na definição da vice de Serra.

Para piorar a situação dos tucanos, o presidente do PSDB e um dos principais cotados para ser vice, o senador Sérgio Guerra (PE), foi flagrado empregando uma família de funcionários "fantasmas" no Senado. Oito parentes de Caio Mário Mello Costa Oliveira, assessor de Guerra, foram nomeados em seu escritório de apoio em Recife, mas não dão expediente nem são conhecidos por quem trabalha lá. Cinco foram nomeados no mesmo dia, em 17 de setembro de 2009. Juntos, recebem cerca de R$ 20 mil mensais.

Palanques indefinidos

Os problemas da campanha de Serra não param por aí. A falta de diálogo e os recentes rompantes do presidenciável tucano também incomodam a cúpula tucana, que cobra informações. A avaliação foi a de que Serra deveria dedicar mais atenção aos aliados e à montagem de palanques, em vez de desperdiçar energia com a rotina da campanha.

A uma semana do prazo final para convenções partidárias, o PSDB corre contra o tempo para debelar crises nos estados. As trepidações ocorrem em todo o país e foram objeto de uma reunião, na tarde desta terça-feira (22), em São Paulo. Pela legislação, os partidos têm até 5 de julho para registrar as candidaturas aprovadas em suas convenções.

Presente à reunião, o candidato do PSDB ao governo do Pará, Simão Jatene, reivindica que a deputada Valéria Pires Franco (DEM) desista do Senado para ocupar a vice de sua chapa. Representado por seu presidente, deputado Rodrigo Maia (RJ), o DEM resiste à ideia. Já o candidato do PMDB ao governo de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, que decidiu concorrer a pedido de Serra, cobra estrutura.

Cogitada para disputar o governo do Distrito Federal, a tucana Maria Lúcia Abadia avisou que só aceitaria o risco com o apoio do ex-governador Joaquim Roriz (PSC). Ainda segundo participantes do encontro, ela diz não haver espaço para terceira via no DF.

Ficha limpa

A pauta da reunião incluiu também as candidaturas ameaçadas pela exigência de ficha limpa nas eleições. O candidato do PSDB ao Senado pela Paraíba, Cássio Cunha Lima, e o candidato do PDT ao governo do Maranhão, Jackson Lago, manifestaram a disposição de recorrer à Justiça pelo direito de disputar as eleições. Os dois foram chamados a São Paulo para discutir a hipótese de um "plano B", caso suas candidaturas sejam suspensas por decisão judicial.

Serra ficaria sem palanque na Paraíba e no Maranhão, onde o PSDB apoiará o PDT. Acompanhados dos advogados, Cunha Lima e Lago afirmaram que manterão as candidaturas. No Ceará, o PSDB anunciou o inexpressivo deputado estadual Marcos Cals para disputar o governo. Embora o lançamento dê a Serra palanque no estado, o PSDB preferia ver o senador Tarso Jereissati na disputa — mas ele resistia à indicação.

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